quarta-feira, 23 de maio de 2012

Turma 72 - Liengrid B. Cardoso


Turma 72  - Liengrid B.                            Cardoso

Que país é esse?

   No noticiário de hoje, o destaque era pra os jogadores de futebol.
   Meninos que sonhavam em poder entrar em grandes estádios. Ver a torcida lotar arquibancadas cantando o hino do seu time... Muitos até mesmo sonhavam em estar nos pequenos, pra ver a vibração da torcida toda apertada. Sorrindo e chorando com seu time . Vestir a camisa 10 e ser reconhecido pelo seu dom. Meninos humildes, que moravam em casebres. Muitos nascidos e criados em “favelas”.
    Hoje, muitos deles vivem em suas mansões, passam as férias em suas ilhas privadas e ganham milhões em seus salários . São 13:00 hs , era hora de ir para a aula.
No caminho ia me perguntando de onde saía todo o dinheiro que era dado aos jogadores de futebol. Seria dos impostos públicos? Por que eles exigem tanto dinheiro se dizem fazer isso por pleno prazer?
    Cheguei até me lembrar de uma palestra que ouvi em uma noite de inverno, onde acontecia uma homenagem a uma mulher que trabalhava no serviço público urbano.
Ela limpava nossa cidade incansavelmente, cuidava da família e da casa, tinha suas atividades extras, e mesmo assim, estava sempre sorrindo.
   Também me perguntei se o salário dela era bem remunerado, pois sua rotinha não era nada calma.
    Cheguei à aula. Meu Deus! Como um professor consegue estar dentro de uma sala de aula com 30 alunos conversando ao mesmo tempo? Tentar fazer com que todos entendam a matéria, Manter a calma e ética...
    Quem sabe estar em uma sala de aula não seja tão ruim assim. Vejo a sala de aula como um lugar onde podemos mostrar nosso ponto de vista sobre as coisas. Afinal, o mercado de trabalho quer mão de obra, e não pessoas com opiniões próprias.
Mas e o professor? Aquele que passa grande parte do dia ao lado do seu filho, ele é tratado com educação e respeito?
 Tenho certeza de que ele não ganha o suficiente para ouvir as reclamações e ofensas de seus filhos.
Passei mal à tarde. Quando cheguei a casa, minha mãe logo ligou para o atendimento emergencial particular pedindo pelos seus atendimentos.
   Tenho a quem recorrer, mas e aquelas pessoas que passam horas e horas esperando por uma oportunidade de atendimento médico?
    Culpa dos médicos? Mau atendimento? Culpa do governo?
Tenho certeza de que se a nossa presidente chegasse a uma unidade básica de saúde, ela seria atendida imediatamente. Afinal, certamente a imprensa estaria lá.
Por que uns são considerados melhores que os outros?
Ah, se tudo fosse como deveria.
Dinheiro lhe faz feliz?
Dinheiro não me faz nem um pouco feliz. Muito pelo contrário. Ele me traz preocupação, discussões...
Do que adianta termos todo o dinheiro do mundo hoje, e morrermos amanhã? Seu dinheiro não será como seu caráter que poderá ser lembrado por anos.
E se pararmos para pensar naqueles que tem de sustentar uma família com apenas um salário mínimo. Meu Deus! Em que condições vivem essas pessoas? Quem sabe sejam até mais felizes que você.
   O menininho que sentando observa a lua e as estrelas. Seu maior bem é sua fé. Ele agradece a Deus pelas chances que teve e pede oportunidades novas e atitudes melhores.
    Os moços que entregam folhetos de lojas e agencias em causadas. Já vi diversas pessoas passarem reto como se eles não estivessem ali. Ou até mesmo pegarem o folheto na mão, e na frente do trabalhador, amassa luz como se não tivesse importância nem uma. Seu trabalho realmente vale mais do que o deles?
    Meu Deus, em que mundo eu vivo? Que país é esse onde minhas vestes dizem a pessoa que eu sou?  Em um país onde meu tom de pele diz onde e como foi criado? Onde meu bairro diz a conta bancária que tenho? Onde meu presente caríssimo mostra o quanto amo?
Sou uma menina ainda, tenho tanto pra viver. Tantos anos, ou até mesmo tantas horas.
   Apesar de pensar que a situação da sociedade só ira vir a piorar, lá dentro de mim existe uma fé. Existe um Deus que me prova que NADA é impossível.
   Acredito muito nas crianças. Vejo muitas crianças que pensam longe. Muitas que veem o “ponto errado” das pessoas. E é nesses que ponho fé.
Eles são o nosso futuro.
   “Mendigos iram lhe assaltar, bairros perigosos não podemos entrar, drogados vão te matar”. Isso seria realmente verdade?
   Quais ideias você defende? O que diz que devemos amar a todos como a nós mesmo, que não somos ninguém para julgar o próximo? Ou será que você vive em seu mundinho cercados de roupas, calçados e pessoas que amariam ser como você?

                                                         

Um comentário:

  1. Belo ponto de vista.
    Uma garota de sétima série escrever assim não é algo lá muito normal.
    Se investir,ela terás um belo futuro com a literatura.

    Marcia

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