terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Turma 81 Vitória Andriguetti

Vitória Andriguetti 


                                                   Perdida

Ela chega em casa, abre a porta, joga sua bolsa, seus sapatos, sua chave e sua vida no chão, literalmente. 
Senta em um canto da sala, e lá ela fica. Não vai para o quarto, nem pra lugar nenhum, não quer ver o quanto as coisas ao redor fazem lembrá-lo.
De repente ela olha para um retrato em cima da mesinha de centro e chora. Chora até pegar no sono, exausta de viver.
Nenhum dos dois queria que aquilo tivesse acontecido, não queriam que tivesse chego a tal ponto ao qual chegou. Ela o amava, ela tinha certeza, tanto ela quanto ele. Mas ele havia cansado de todos os seus erros, seus defeitos. Não quis mais viver com ela, depois de tudo que ela havia feito.
Ela era tão nova, não sabia como a vida funcionava, não sabia tomar cuidado, não sabia confiar.
Ela apenas tinha medo, medo dela, mas mais medo de fazer algo e perdê-lo. Tudo que ela queria era viver com ele, e ele com ela. Queria o mundo dele no dela, acabou não tendo mundo nenhum. 
Ela se sentia sem rumo, naquele estado em que se encontrava, sem chão. Ainda perdida, ela sentia o seu perfume, e continuava com sua lembrança. Não ia ser fácil, não ia ser rápido. 
Mas o tempo cura tudo, o tempo é o dono do mundo. Vai chegar a hora em que tudo vai ter uma explicação, tudo vai se encaixar. Palavras o tempo leva, e um dia, ela terá mais do que palavras, ela terá atitudes, que irão provar que vale a pena amar de novo. 
Ela irá crescer, aprender. Porque os erros são pra isso mesmo, pra superar. 
Mas de nada adianta, se ela não entender, se ela não aceitar. A vida passa, as coisas mudam. Pessoas novas aparecem, e muitas vão embora. Hoje ela se sente sozinha, ela está sozinha. Mas tudo tem um motivo, ela vai encontrar o caminho dela, vai sim. 
Ela se sente mal, ela se sente culpada. De que adianta se culpar? Pra tudo existem consequências. Ela o amava, ela sofreu, ela vai esquecer. Como ele vai fazer, como ele já deve ter feito. 
Um dia, talvez, a vida irá proporcionar algo inexplicável. Ela poderá provar pra todos o quão ela foi forte, o quão ela superou tudo isso. Ela poderá pedir desculpas, ela poderá sorrir. E quando esse dia chegar, ela terá a certeza de que a dor e a culpa não são pra sempre, afinal nada dura pra sempre, muito menos a dor, principalmente a dor. 

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